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Idéias / Eco-Cultura


Ideia 17 / Eco-Cultura: A explosão do silêncio
 
 
'Lutando pela sobrevivência'
Fotogravura
Tamanho: 41 x 29 cm


Gosto do silêncio. O silêncio me fala. Me fala e muito, ou quase tudo.

A fala do silêncio me faz pensar, imaginar.

O sentimento da fala silenciosa me faz ver, me faz sentir, abre-me para o perceber. Perceber com todo o possível: pelos olhos, pelos ouvidos, pelas narinas, pelas mãos e por tudo o mais, aflorando então do íntimo do ser - poderosamente - o mágico, o sonho, a imaginação.

E é aí, e é assim, quando somos impulsionados (quase obrigados) a nos falar, conseguimos externar das mais variadas formas, usando os mais variados recursos, tudo o que foi produzido por nossa imaginação.

É de uma necessidade enorme, uma verdadeira compulsão, quase uma alucinação. E a essa explosão de sentimentos, damos o nome de intuição artística. É um tempo de verdadeiro tormento, desesperador, que só termina quando a obra de arte é finalmente produzida.



Texto e imagem: José Augusto Silveira
novembro/14





Ideia 16 / Eco-Cultura: Além do bem e do mal

'Além do bem e do mal', 2014
Ilustração
José Augusto Silveira


Há deuses que existem, há deuses que não existem.

Há deuses que nascem, há deuses que morrem.

Há ainda deuses que nunca morrem.

Há, sim, também, deuses que já nasceram mortos e os que ainda irão nascer.

São muitos os deuses, talvez, nenhum.

Mas para que importam tantos deuses? Mortos ou vivos, que diferença faz?

E aí, uma outra pergunta vem:

Quem realmente são esses complicados deuses que nos confundem tanto? Serão eles, somente nós mesmos?

Ou serão apenas produtos de nossa louca e carente imaginação?

Não sei. E, quem sabe, eles também não saibam.


 

(José Augusto Silveira, 2014)





Ideia 15 / Eco-Cultura: Espaço da arte


 

 
 
'Arte não se compra, se aprecia.

Arte não se olha, se apropria.

O tempo da arte é Um, é lento.

O tempo da compra é outro, é veloz.

O templo do consumo é o shopping.

O espaço da arte é o sentimento'.

 
(José Augusto Silveira, 2014)




Ideia 14 / Eco-Cultura: Arte e indústria cultural


'Máscaras insurgentes'
José Augusto Silveira
Para mim, a arte é a expressão mais verdadeira e mais essencial da alma humana. Ela transcende o nosso próprio mundo: nos leva a outros mundos, nos revela, nos desencobre do aqui e agora.  É nosso espírito em pleno ato de criar.

Por outro lado, a indústria cultural não cria, apenas fabrica: para o uso e para o consumo. A Arte como Arte não pode ser equiparada ao que somente é útil ou até mesmo belo.

Ao contrário, a arte somente é arte quando serve para nos libertar do útil existente em nós mesmos.

Transformar a arte em simples mercadoria é a possibilidade de perdermos nossas almas e nos tornarmos simplesmente coisas e nada mais.

(José Augusto Silveira – 30/jun/14)




Ideia 13 / Eco-Cultura: Afeto


A arma dispara a-feto

A arma dis-para-desafeto

Desafetada, a arma silencia

No silêncio, apenas o afeto.




(Texto e imagem: José Augusto Silveira)




Ideia 12 / Eco-Cultura: As folhas


As folhas nos dão – vida

As folhas nos dão – abrigo

As folhas nos dão – paz

As folhas, um dia – caem

As folhas se vão – voam

As folhas se desfazem – fertilizam

As folhas – outras virão.



(Texto e imagem: José Augusto Silveira)




'A mulher e a lua', 2014
José Augusto Silveira
Ideia 11 / Eco-Cultura: mulher e a lua


Pôr do sonho – sol.

Luando a lua – lindo.

Estrelando a vida – luz.

A mulher e o mundo – puro sonho.


José Augusto Silveira - 25/abril/14








Idéia 10 / Eco-Cultura: Entre as pessoas

"Flutuação Orgânica"
José Augusto Silveira
Um convívio social, no seu início, se alimenta – na maioria das vezes  – pelo relato e comparações egóicas de seus participantes. Observo que, com o passar do tempo, o interesse e a motivação interacional das pessoas vão se extinguindo pelo rareamento de novidades. Essas relações só se perduram por mais algum tempo quando estimuladas por interesses comuns, quase sempre origem externa, tais como os corporativos, os familiares, religiosos, profissionais e tantos outros.

Agora, quando porém esses relacionamentos são proporcionados pela troca de ideias criativas como, por exemplo, as filósoficas, as artísticas ou políticas com ‘P’ maiúsculo, estes tendem a permanecer vivos enquanto o fluxo de criatividade persistir.

José Augusto Silveira - 24/setembro/12



Idéia / Eco-Cultura 9: Da destruição do espírito humano como fim da natureza (ou Para os Ambientalistas refletirem)

É triste constatarmos que aquilo que chamamos de espírito está cada vez mais empobrecido e insensível em nossos tempos a ponto de sermos incapazes de perceber a relação tão equivocada que temos com a natureza, podendo até mesmo chegarmos a destruí-la e destruindo assim a nós mesmos.

Observação importante:  A natureza somos nós e nós somos a natureza.

José Augusto Silveira - 01/setembro/12



"O verdadeiro fim do mundo é a destruição
do espírito, o outro é condicionado pela
experiência que consiste em saber se o mundo
subsistirá da destruição do espírito".

Karl Kraus
(
Jičín, 28 de abril de 1874 - Viena, 12 de junho de 1936)



Idéia / Eco-Cultura 8: A produção coletiva do pensamento – Doação da percepção, pensamento efêmero

Somos ‘seres pensantes’. Nossos pensamentos podem ser classificados em diversos níveis tais como: percepção, imaginação, memorização, conceituação, proposição e, finalmente, em seu mais alto grau de complexidade, o raciocínio.

Segundo alguns autores, não somos os construtores de nossos próprios pensamentos, mas, sim, somos produzidos por eles. Nossos pensamentos mais individuais, como nossos opiniões, por exemplo, pertencem somente a nós. Porém, os pensamentos mais significativos e que conseguem ganhar um consenso, logo universais, não nos pertencem de maneira individual; de outra forma, somos apenas aqueles que servem de instrumentos de percepção para doá-los a toda a humanidade. Hoje, tendemos cada vez mais a construir conceitos os mais diversos, idéias e realizações artísticas de forma coletiva e amplamente globalizada via web. Portanto, o pensamento agora informatizado possui cada vez mais o consenso e a autoria de todos. Logo, muito mais universal. São, entretanto, universais apenas em seu aspecto quantitativo, mas por outro lado extremamente conjunturais e efêmeros na escala do tempo.

José Augusto Silveira - 27/junho/11
Imagem: Pós-Natureza (JA.Silveira)


Idéia / Eco-Cultura 7: O saber como um instrumento do poder

Sempre o saber, como experiência de vida, significou poder; inclusive, o de sobrevivência do homem frente a uma natureza muitas vezes hostil e enigmática. Era o que poderíamos dizer como o saber natural ou o saber humano.

Hoje, percebemos uma clara inversão: é o poder, como a necessidade de controlar a natureza para produzir cada vez mais bens de consumo, que dirige o que devemos ou queremos saber. O saber deixou de ser uma atitude de contemplação da natureza – para tentar entendê-la e percebê-la em toda a sua plenitude, e passou a ser apenas um instrumento de conhecimento, não das causas dos fenômenos e, sim, do conhecimento das regras necessárias para seu o controle e sua transformação (da natureza) em benefício do homem. É a emergência da pós-humanidade, ou seja, a natureza agora totalmente controlada e reconstruída pelo homem através da tecno-ciência.

José Augusto Silveira - 20/junho/11



Idéia / Eco-Cultura 6 - "Catedrais do consumo"

No passado não muito distante, todos os dias eram dias efetivamente de Santos e para os Santos como, por exemplo, dia de São Pedro, dia de São Paulo, dia de São João, dia de Santa Teresinha, e muitos outros tantos e tantas.

Atualmente, todos os dias são dias de alguém ou de alguma coisa. Para citar alguns, temos o dia das mães, o dia dos pais, o dia dos namorados, o dia do comércio, dia do bombeiro, dia da sogra, e muitos outros tantos e tantas. Nada contra – e muito justo – homenagear algumas pessoas e situações, mas vamos convir que há um exagero e uma razão comercial para tantas homenagens.

Antes, vivíamos consumindo e também consumidos pelos imensos interesses religiosos. Hoje consumimos e somos consumidos, novamente, agora, para a prosperidade do mercado (o nosso planeta está falindo por conta do uso e abuso das fontes naturais de insumos necessários para tamanha ‘farra’ de consumo). Antes, consumíamos por nossas necessidades, depois, na modernidade, consumíamos para saciar nossos inesgotáveis desejos. Enfim, hoje, consumimos alucinadamente por conta do vício e por conta do nada como se fôssemos tolos.

De uma maneira muito eficiente, a mídia, o marketing comercial, etc nos fazem pensar que somos seres cada vez mais livres como consumidores de uma diversidade de produtos que não pára de se multiplicar, e nos fazendo cada vez mais utilizar o dinheiro que não temos, isto é, concedendo um crédito ‘generoso’ e incomensuravelmente facilitado. Que ilusão! Estamos nos tornando, sim, seres altamente doentes pela virulência do consumo desenfreado e, portanto, escravos da nossa própria e falsa ‘liberdade de consumir’.

Percebemos que essa entidade, o mercado com sua atual concepção – criado como tantas outras entidades pelo homem – veio substituir a velha religião, chegando à conclusão de que o mercado se tornou uma espécie de Leviatã, e a nossa nova religião, responsável pelos nossos novos orgasmos e nossos novos estados de êxtase, pessoal e também globalizados.

José Augusto Silveira - 14/junho/11



Idéia / Eco-Cultura 5 - "Consumir / Com-sumir / Sumir"

Fragmentação, descontinuidade, flutuação, desenraizamento, superficialidade, tudo globalizado. Hoje em dia, não é mais importante compreender nada, e, sim, consumir, consumir, consumir... Só existe o aqui e o agora: o futuro não mais nos pertence. A humanidade não almeja mais nem a justiça, nem a segurança, e nem a essência de mais nada. A humanidade necessita apenas e tão somente alcançar o consumo absoluto. Ela (a humanidade) nasce, renasce e morre na mais completa felicidade, submersa em uma total alienação pela e para o consumo. Vamos consumir o consumo! Vamos nos consumir e aos outros! Vamos ao orgasmo final, nossa total autoconsumação!

José Augusto Silveira - 31/maio/11

Imagem: O Grito - Edvard Munch



Idéia / Eco-Cultura 4: Conhecimento: um fim em si mesmo ou simplesmente um bem de consumo?

Com as novas tecnologias da informação, o conhecimento – antes com aspectos de formação, informação, reflexão crítica e de aquisição difícil (por sua escassez), que demandava esforço, vontade e muita dedicação em sua busca, como uma prática relacionada com um ideário de nobreza de vida – se transforma hoje em um bem de consumo. Distribuído globalmente e com uma velocidade tal que se torna impossível de ser absorvido de uma maneira reflexiva e crítica, o conhecimento se transforma simplesmente em seqüência de informação logo perdida em nossa memória para dar espaço imediatamente ao consumismo de novas – e simplesmente – “notícias de primeira página” dos jornais e, agora, também, das redes sociais, blogs, etc. Somos seres da hiper-comunicação ou já seremos seres pós-humanos?

José Augusto Silveira - 30/maio/11


Idéia / Eco-Cultura 3: Pensamento crítico versus tecnociência

Antes eram as idéias que estruturavam ou desconstruíam o mundo. Hoje, as idéias não têm mais essa força e foram substituídas pela tecnociência que, planejadamente, nos leva de mudança em mudança, a mudança nenhuma: apenas muito infelizmente a um consumo eterno daquilo que com certeza não traz nada de verdadeiramente novo ou enriquecedor ao espírito humano.

José Augusto Silveira - 27/04/11


Idéia / Eco-Cultura 2: Sociedade do espetáculo

Nossa sociedade se transformou na sociedade do espetáculo e da vigilância. Todos nos divertimos como espectadores-vigiados, e ainda pagamos – e caro –por este estado de alienação e ausência de liberdade. Tenho de voltar para casa e não perder o Big Brother Brasil. Que horror!

José Augusto Silveira - 26/abril/11


Idéia / Eco-Cultura 1: Vanguardas político-culturais e tecnologia

A época das vanguardas político-culturais (que durou até os anos 70), infelizmente se reduziu ao seu mínimo possível, dando lugar a uma nova vanguarda, vazia de pensamento e repleta de novidades simplesmente tecnológicas. Entretanto, essa tecnologia não tem espírito (ou o é muito fraco), e é incomparavelmente mais pobre ou menos nobre do que o da política e o da cultura dos tempos passados, aonde as vanguardas e o pensamentos, ainda tinham o espaço de se desenvolverem com criatividade.

José Augusto Silveira - Abril/11

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