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Política, eleições e contemporaneidade

"Tanshumanidade"
José Augusto Silveira
Por José Augusto Slveira
09/out/2012

 
Os resultados das eleições na cidade do Rio de Janeiro em 2012 demonstram um sistema político-eleitoral falho em termos de uma comunicação equitativa entre os seus participantes, como também uma sociedade dividida em dois segmentos. Por um lado, a sua maioria toma uma postura conservadora, levando em conta apenas a gestão eficiente, sem grandes preocupações com questões éticas. Por outro lado, um segmento menor, em que se deseja bons resultados de gestão, acompanhados sempre por um posicionamento ético nas questões políticas.


Eduardo Paes estruturou sua campanha coligado com 19 Partidos Políticos, tendo amplo financiamento e tempo de televisão, alcançando aproximadamente 64% dos votos válidos, e Freixo, sem coligação, com finaciamento e tempo de televisão reduzidos, conseguiu um percentual de 28%.


Um outro fato importante, foi a atenção dos eleitores em relação a polarização entre os candidatos Paes e Freixo, tornando quase que totalmente nula a visibilidade dos outros candidatos de oposição.


Isso nos motiva a refletir de uma maneira crítica sobre esse processo para assim podermos entender quais as modificações de nossa sociedade que contribuíram na produção desse cenário.


Analisando inicialmente a grande quantidade de partidos coligados na campanha do candidato Eduardo Paes, já temos a nítida impressão de que tais partidos não possam representar, de forma alguma, diferentes propostas políticas para o planejamento e gestão da cidade. Vemos, assim, uma necessidade urgente de modificação no nosso sistema político-eleitoral.


Outro aspecto importante é a desproporção dos recursos financeiros entre os candidatos, resultando em estruturas de campanha com capacidades muito diferenciadas em alcançar o eleitor e conseguir uma comunicação eficiente de suas propostas de mandato.


A capacidade maior de repetição de imagens, bem como de falas, de um candidato em relação ao outro pode acabar sendo um fator decisivo na assimilação das propostas.


Também, o tempo desproporcional de exposição na mídia televisiva, mesmo com o avanço dos recursos de comunição via internet, como redes sociais, blogs e outros, ainda pode ter uma importância enorme na decisão de votos dos eleitores.


Além desses fatores relacionados acima, temos que considerar ainda as características atuais da sociedade, tais como a despolitização crescente da população, o aumento acelerado do hiperindividualismo e o avanço do consumismo em detrimento da cidadania.


Essas características de nossa sociedade atual levam a posturas quase sempre hiperpragmáticas: o que se quer é apenas ver os resultados práticos, materiais, não nos importando os meios para alcançá-los. Os aspectos éticos não são levados tanto em consideração. Na verdade, de uma maneira simplificada, a sociedade demanda unicamente uma espécie de síndico para conduzir a gestão da cidade.


O cidadão, hoje predominantemente consumidor, até mesmo no período eleitoral (e pior, ainda pode ser vítima de estratégias de marketing eleitoral enganoso), não quer mais de maneira alguma estar envolvido nas questões de responsabilidade cidadã e democrática, como a fiscalização dos seus representantes, tanto do legislativo quanto do executivo, ou mesmo uma participação mais ativa no planejamento e vida comunitária de seu bairro.

 
Acredito que são essas circunstâncias que nos levaram a eleger com aproximadamente 64% uma candidatura a meu ver conservadora, porém, técnico-modernizante, e menos de 30% dos votos dirigidos ao candidato opositor, preocupado com a ênfase na ética e na corrupção na política, dando como exemplos a erradicação da atividade miliciana como questão importante de estado e o julgamento do então chamado ‘Mensalão”.


Importante ressaltar que embora os seguimentos da faixa etária intermediária e avançada da sociedade se mostrem indiferentes a essas questões, por outro lado, a faixa dos novos jovens (aproximadamente entre 18 e 25 anos) demanda uma postura considerada pelas suas gerações anteriores como até cafona: a boa notícia é que esses jovens estão reintroduzindo a necessidade de falas mais emocionais porém propositivas na política, e mesmo com componentes mais ideológicos, e a ênfase na questão da ética, vivenciadas há décadas atrás.
 

Notas da Palestra Fritjof Capra no Rio de Janeiro em 28/03/12


Por Alvaro Nassaralla

O mundo não é mais visto como uma máquina conforme o paradigma cartesiano. Nós descobrimos que a realidade material é uma rede inseparável (indivisível) de elementos.

A visão do corpo humano como mente separada do restante foi ultrapassada e indica que estamos tomando outras direções.Todas as células do corpo formam um sistema cognitivo, integrado.

A evolução não é mais vista como uma competição e, sim, como uma dança e a emergência contínua de novas estruturas.

Uma nova ciência qualitativa vem emergindo novamente. Um dos insights mais importantes dessa nova compreensão da vida é o entendimento das redes: onde se vê vida se vê redes. Uma vez que uma rede é um padrão de conhecimentos, devemos aprender a pensar em termos de relacionamento, que é o pensamento sistêmico.

Em termos de métricas, não podemos medir os relacionamentos, mas mapeá-los; então, temos de passar da mensuração para o mapeamento, da quantidade para a qualidade.

O mapeamento de relacionamentos (em rede) irá levar a padrões, por exemplo, ciclos, etc, sistemas não-lineares.

Nenhum organismo consegue viver isoladamente

A natureza sustenta a vida criando e provendo as comunidades. Nenhum organismo consegue viver isoladamente: tanto os animais quanto as plantas e os microorganismos. A sustentabilidade não é uma propriedade individual, mas uma propriedade de toda uma rede de relacionamentos.

Esta rede de vida não-linear contém circuitos de retroalimentação através dos quais o planeta se regula. O crescimento em um ecossistema não é linear, ele se retroalimenta com seus movimentos naturais. Para tanto, precisa da diversidade.

A diversidade vai assegurar a resiliência: quando mais diverso, mais adaptado e mais resiliente o ambiente será.

A forma de sustentar o que existe será adotar um processo de co-evolução, não estático, em movimento.

Alfabetização ecológica (Eco-literacy)

A alfabetização ecológica (Eco-literacy) deve se tornar uma pedra angular para a educação em todos os níveis, e como um princípio para nossos líderes empresariais e políticos.

À medida que as manifestações de nossa crise ambiental global se tornam cada vez mais pronunciadas, pensar sistematicamente - em termos de relações, padrões e processos - será uma habilidade crítica para educadores, políticos, líderes empresariais e profissionais em todas as esferas.

O dilema fundamental subjacente a todos os problemas de sustentabilidade está na crença irracional do crescimento perpétuo, o qual é sutentado pelos economistas. (Nota minha: algo como os alquimistas que buscavam descobrir como fazer ouro).

Tudo isso é alimentado pelo materialismo e pela ganância. Os economistas se recusam a colocar o custo ambiental em suas mercadorias. Se o preço da gasolina tivesse de incluir os danos ambientais e os gastos militares no Afeganistão e Iraque, que estão diretamente relacionados a obtenção do petróleo, o preço da gasolina seria 50 dólares o barril ao invés de 5.

A ética está ausente da economia global. Essa dinâmica fatal está cada vez mais sendo reconhecida.

Um Paper está sendo preparado para Rio+20 por dezoito cientistas premiados, incluindo Hazel Henderson. O Paper diz que o mito do crescimento perpetua e propaga a falácia de que esse crescimento indiscriminado é a cura para todos os males. Mas na verdade ele é o câncer para todos os desafios globais que estamos encontrando.

Crescimento bom e crescimento ruim

Os indicadores econômicos devem incluir todos os custos socioambientais.
A superexpansão de serviços financeiros tem sido um parasita na economia real. Esses serviços não são para atender as pessoas, mas para atender a uma ganância infinita das empresas do setor financeiro.

Estamos dentro de uma economia materialista e de grande desperdício, exacerbada por descartes de resíduos não recicláveis. Como podemos entrar numa economia de regeneração, de crescimento qualitativo? Isso inclui, um aumento de complexidade, maturidade e sofisticação do pensamento humano.

O qualitativo é uma propriedade de um processo sistêmico e devemos criar uma coleção de indicadores econômicos como probreza, fome, doenças, etc.

O crescimento bom inclui a produção e descarte sustentáveis e o crescimento interno do aprendizado e da maturidade das pessoas e da coletividade. Também devemos considerar as emissões zeradas e restauração dos ecossitemas destruídos.

Mais detalhes no artigo Qualitative Growth: A conceptual framework for finding solutions to our current crisis that are economically sound, ecologically sustainable, and socially just .

Algumas ideias de indicadores para uma cidade ou país

- Pegada ecológica – É a quantidade de terra produtiva para atender as necessidades de uma pessoa e atender também seus descartes. A pegada média mundial é de aproxidamadanete 3 hectares por pessoa. No Brasil é 3, nos EUA é 8. Mas a capacidade da Terra é de 2 hectares por pessoa (Mais detalhes ver: ONG Global Footprint Network).

- Transition Town Moviment – Transição de uma economia baseada em combustíveis fósseis para não-fósseis. Rob Hopkins, no livro The Transition Handbook, diz que se pode medir se uma cidade está em transição pelo percentual do comércio local que se dá na moeda local, quantos empregos são ocupados pelos residentes locais, quantos negócios locais são geridos por pessoas locais, etc.

Mais detalhes: The Transition Handbook: from oil dependency to local resilience - Rob Hopkins


Como se fazer a alfabetição ecológica? (Eco-literacy)

Na prática, pode ser feita de muitas formas diferentes. Escrevemos dois livros chamados: Educação Ecológica, já traduzido para o Brasil, e o outro será piblicado e é destinado a graduação universitária que se chama A visão sistêmica da vida.

Nos EUA, a Second Nation ensina como se ensinar educação ecológica.

Sustentabilidade e produtos

Antes de melhorar todos os processos produtivos e torná-los absolutamente sustentáveis, é preciso pensar se precisamos de fato desse produto em questão. Por exemplo, em São Paulo o carro não vai aumentar a mobilidade das pessoas. Um empresa de carros deve se ver como uma empresa de mobilidade e ver como as pessoas podem se deslocar de maneiras mais ecológicas, como eles podem trabalhar mais próximas de suas residências, etc. Esse deve ser o negócio das montadoras.

A passagem para as tecnologias de Eco-design também vai dar emprego para muitas pessoas.

Como podemos transformar o pensamento competitivo em cooperativo?

A comunidade é um fator da maior importância para essas questões. Para criar uma comunidade é preciso tratar os relacionametno dentro desse sistema. O crescimento econômico desenfreado se vê mantido e imposto através da persuasão e convencimento da propaganda. Podemos aprender a encontrar a felicidade não no consumo e, sim, nos relacionamentos comunitários. É nessa área que o Brasil poderia ser líder mundial. O brasileiro tem um afeto muito grande pelos relacionamentos.

O que os líderes precisam aprender para fazer essa transformação?

Quero destacar dois tipos de poder diferentes: o primeiro é de dominar as pessoas e esse é praticado através da hierarquia. Mas há um segunda forma de poder que é a capacidade de empoderar as pessoas, conectando-as em uma rede associada a você. Então, você não precisa dizer o que as pessoas têm de fazer mas, sim, transferir poder para elas.

Devemos mostrar aos líderes que eles estão vivendo em um mundo conectado em redes, redes globais, e não tem como fugir disso se você quiser continuar tendo sucesso em suas atividades.

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Fritjof Capra é autor de cinco best-sellers internacionais, O Tao da Física (1975), O Ponto de Mutação (1982), Sabedoria Incomum (1988), A Teia da Vida (1996) e As Conexões Ocultas (2002). Ele é co-autor de Política Verde (1984), Pertencente ao Universo (1991), e EcoManagement (1993). Seu livro mais recente é A Ciência de Leonardo Da Vinci (2007).

Respeito à Diversidade: Questão de Princípio para o Partido Verde

Verdes se mobilizam contra aprovação de projeto de lei que incentiva a homofobia na educação carioca

O Partido Verde, coerente com sua história, sempre na vanguarda em defesa de seus ideais por uma sociedade livre de qualquer preconceito e intolerância, tomará um conjunto de ações para impedir o êxito do PL1082/2011 – proíbe a distribuição de material didático sobre diversidade, sexualidade e respeito às diferenças nas escolas do município do Rio.

Os verdes são radicalmente contrários à aprovação de qualquer conteúdo que verse contra o combate à intolerância, ou seja, que estimule o preconceito; sendo assim se posicionará judicialmente, nas redes sociais e imprensa desta forma. O PV também fará parte da mobilização, engrossando as fileiras dos movimentos sociais libertários contra qualquer tipo de preconceito na luta contra a aprovação do Projeto de Lei.

A bancada de vereadores do partido na Câmara Municipal promoverá em plenário a apresentação de emendas que retirem o projeto de pauta, buscando impedir sua aprovação, haja vista a maioria de votos favoráveis da última sessão, em 1ª discussão, em 22/03. Se não for possível derrubar o projeto no voto, o Partido Verde estará pronto para usar mecanismos regimentais para tirá-lo de pauta indefinidamente, impedindo que seja aprovado.

O projeto de lei voltará a ser debatido amanhã, 27/03, para ser votado em definitivo em 2ª discussão. O PVRJ convida todos os “verdes” para se mobilizarem contra esse PL homofóbico, amanhã, 27/03, 14h, no plenário da CMRJ vestindo a camisa: “Eu respeito à diversidade”.

www.pvrj.org.br

Mesa Redonda: Cenários para a oposição política nas eleições de 2012

Texto do pronunciamento de José Augusto Silveira / Pres. do PV da Cidade do Rio de Janeiro


Teatro João Theotônio / RJ
08-fev-2012


Gostaria de iniciar a minha fala fazendo a constatação de que para o cenário das eleições deste ano, os partidos políticos que se situam no campo da oposição em nossa cidade têm posições bastante heterogêneas nas suas visões políticas, encontrando portanto dificuldades na formulação de estratégias eleitorais que sejam comuns a todos para podermos disputar com eficiência a Prefeitura de nossa cidade.

Por outro lado, também acredito que esta constatação pode ser utilizada de modo positivo, pois agora estamos conscientes das nossas diferenças e devemos nos esforçar ao máximo para encontramos juntos pontos em comum e, assim, marcharmos unidos nesse processo eleitoral .
Para melhor estruturar o tema, vamos aqui conceituar o campo da oposição, constituindo-se de quatro principais grupos políticos: o primeiro deles, predominantemente ideológico; o segundo, baseado em experiências passadas no poder e em estilo já experimentado de gestão. O terceiro, de viés fortemente religioso. E o quarto, fundamentado principalmente no conceito de sustentabilidade ampla em todos os campos da atividade humana.

O primeiro grupo se caracteriza como o setor de oposição mais tradicional e é constituído primordialmente por razões puramente ideológicas. É a velha questão da direita versus esquerda, conceito bastante discutível já faz algum tempo. Este grupo faz parte de um espectro ideológico que varia em seus níveis de radicalidade, muitas vezes chegando, em casos extremos, a serem totalmente avessos ao sistema e tendo assim como objetivo a substituição do mesmo até pela via revolucionária. Como exemplo, poderia citar os Partidos situados mais radicalmente à esquerda ou à direita no cenário ideológico.

Essa posição ideológica mais extrema é bastante perigosa, pois não podemos esquecer que no século passado ela foi um fator importante na deflagração de guerras de amplitude mundial, e de totalitarismos como o nazismo, o fascismo e o comunismo, e mesmo em algumas democracias, as quais poderiam ser denominadas como democracias autoritárias.

Dentro desse primeiro grupo ideológico, encontramos um segmento com postura menos radical, fazendo no entanto críticas ainda contundentes – mas normalmente justas em relação ao sistema – e abertos à alguma possibilidade de negociação em pontos específicos da gestão pública.
Outro grupo, esse já menos ideológico e mais orientado pelos conceitos modernos de gestão, defende o retorno de esquemas políticos que já exerceram o poder anteriormente por acreditarem que esses obtiveram maior eficiência na condução da administração pública. Talvez poderíamos aqui citar o DEM no plano Municipal e o PSDB no plano Federal.

Na verdade, seria unânime para todos nós, a constatação da pouca eficiência do atual governo em relação à saúde no caso do mau atendimento nos hospitais municipais, bem como do aumento dos casos de dengue noticiado hoje mesmo no jornal “O Globo”.

Ainda, um terceiro grupo situado no campo da oposição é aquele que baseia sua estratégia e ação políticas, inclusive eleitoral, em aspectos fundamentalistas das crenças religiosas. Esse grupo, muitas vezes, tem dificuldades em assumir posturas políticas mais libertárias. Além disso, a escolha eleitoral (que deve ser baseada em princípios racionais) é substituída por uma decisão de voto baseada na orientação religiosa. Essa postura pode deslocar a responsabilidade da formulação das leis pelos representantes democraticamente eleitos (representando, portanto, a soberania popular) para leis demandadas por um poder religioso superior.

Muito preocupante, embora espere ser uma minoria (e até mesmo não citado entre os quatro principais por não pertencer ao processo político legítimo e sim o que consideramos como politicagem), temos um grupo que vou descrever apenas de passagem. Esse grupo não vê a conquista do governo a não ser para aproveitamento pessoal ou de segmentos que o apóia. Ele representa o fim da política como meio para alcançar o bem comum público e significa a vitória do hiper-individualismo e o fracasso da ética (e que estão infelizmente já difundidos em quase todas as atividades da sociedade).

Antes de passarmos para o último grupo político situado no campo da oposição, gostaria de comentar brevemente alguns fatos ocorridos recentemente.

O primeiro diz respeito ao desabamento de três edifícios no centro da cidade acontecido há poucos dias atrás causando uma sensação de pânico e impotência entre todos nós. Evidencia-se nesse episódio a negligência do poder público no não cumprimento de sua responsabilidade de fiscalização das obras nas edificações privadas e, talvez, até mesmo das públicas de nossa cidade. Outro aspecto curioso é a priorização da rápida higienização do local, agilmente removendo os entulhos para lixões – ainda contendo até mesmo corpos ou seus fragmentos – sem o empenho maior de removê-los ainda no local, desrespeitando a dor das famílias envolvidas na catástrofe. Ao passar por esse local poucas horas depois, já o encontramos fora de vista dos transeuntes, isolado por um tapume bastante estético e de cor branca, dando a impressão não mais de tragédia, mas de uma nova área da cidade a ser reconstruída ou revitalizada. O esquecimento do triste episódio é ainda favorecido pelo movimento dos blocos carnavalescos do final de semana que praticamente enterraram os mortos não encontrados no local.

Outro episódio bastante representativo do uso e do abuso da privatização do público ou de como o setor público se relaciona com o privado foi a tragédia ocorrida, há poucos meses atrás, na queda de um helicóptero de uma empresa privada que transportaria um político carioca, em que eram evidentes as relações de comprometimento empresarial entre o Governo e os proprietários da aeronave. Essa recente situação traduz conduta certamente não ética na relação entre gestor público e a participação de empresas do setor privado.

Ao terceiro episódio, vamos chamar de “o caso dos helicópteros”. Os moradores das regiões da faixa situada entre as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas e o Cristo Redentor (bairros de Humaitá, Jardim Botânico e Lagoa) se uniram para protestar contra o uso abusivo de helicópteros utilizados no setor de turismo para visitação do Monumento do Cristo Redentor, que inegavelmente é um cartão postal da cidade, mas produzindo um barulho constante e infernal que alcança mais de 180 decibéis, acima, portanto, dos limites definidos legalmente para ruídos urbanos. Então, os residentes na região reuniram-se em frente ao heliporto para protestar quanto à localização do mesmo, que segundo os envolvidos ocupa irregularmente a área, e pedir uma regulamentação mais justa e que leve em conta não só os interesses empresariais, mas também os dos moradores da área afetada.

Esse fato retrata muito bem que a estratégia de gestão do Governo para a cidade não tem mais como prioridade o bem estar, o conforto e a segurança de seus moradores, e, sim, como um fator de empreendimento que possa gerar grandes lucros para o esse Governo e para um número restrito de grandes empresários. Precisamos urgentemente equilibrar os interesses de moradores da cidade, nos quais me incluo, e as ações do Governo no nosso dia-a-dia. Nossos interesses são apenas lembrados no período eleitoral através das peças publicitárias e do marketing político altamente sofisticados e caros, que na maior parte das vezes servem apenas para escamotear verdades ou prometer coisas que não serão cumpridas ou cumpridas de uma maneira enviesada, sendo muitas vezes mais benéficas para os grupos empresariais – que não raro contribuem para os financiamentos de campanha – do que para a maioria dos cidadãos comuns.


Por fim, encontramos o quarto grupo formado por aqueles (nos quais o PV se encontra) em que se percebe a insatisfação diante dessa realidade, principalmente pela falta da ética na política e da não preocupação por parte do Governo das reais necessidades e interesses dos cidadãos. Percebemos claramente a existência de um novo momento do mundo da política, momento esse que exige novas posturas para se ter sucesso em nossas ações.

Precisamos de inteligência, criatividade e sensibilidade para que nossas propostas sejam condizentes com a realidade do mundo que se descortina nesse nosso novo século, usando de maneira eficiente as novas tecnologias, mas sem nos esquecermos dos fundamentos do humanismo conquistados duramente ao longo da história de nossa civilização.

Temos, também, de aceitar a realidade expressa na globalização, de uma maneira mais crítica, estimulando os fluxos de comunicação de uma forma ampla, mais transparente, difundindo para o mundo as verdades, não as simplesmente de conveniência de grupos, de regiões ou de países específicos. É importante também termos como base o paradigma da cooperação, muito mais do que o da competição, pois como estamos sentido na carne atualmente, a competição extrema não leva a vencedores a médio e longo prazo, mas sim a uma quantidade expressiva de perdedores. Temos como exemplo o fluxo de capital volátil e improdutivo circulando por todo o mundo, e a questão das mudanças climáticas cada vez mais distante de uma solução adequada , justa e sustentável para o nosso planeta.

E, finalmente, acreditamos no conceito de sustentabilidade. Não uma sustentabilidade restrita, convencional e desgastada pelo seu freqüente mau uso, mas sim por uma sustentabilidade ampla, a mais abrangente possível, mais participativa possível, a mais sincera possível, uma sustentabilidade radical para todos e, principalmente, para os políticos que desejam atuar como vanguarda nesses novos tempos.

É essa radicalidade de uma política sustentável e democrática o que o mundo, as cidades e os eleitores da cidade do Rio de Janeiro necessitam e querem. Cabe a nós, políticos, que escolhemos essa atividade tão importante e digna de representar a sociedade, implementar com a maior rapidez possível essa nova visão de mundo e da política e, como disse um famoso político brasileiro, antes que seja tarde demais.

Termino aqui minha fala, citando um pensamento com certeza já conhecido por todos nós: “A política é a mais nobre das vocações e, pode ser, se não tivermos cuidado e ética, a mais desprezível das profissões”.

Saudações Verdes para um Planeta Verde e uma Cidade do Rio de Janeiro Verde

Carta aos artistas Naifs do Rio de Janeiro


CARTA AOS ARTISTAS NAIF DO RIO DE JANEIRO
(Documento divulgado durante a campanha eleitoral de 2010)

A arte como um fator fundamental de expressão dos sentimentos e representação cultural do homem acontece desde os primórdios da civilização. As pinturas encontradas nas cavernas de Lascaux (França) e Altamira (Espanha) datam de mais de 15 mil anos atrás.

São conhecidas também pinturas da antiguidade como expressão social, encontradas nas civilizações chinesa, indiana, egípcia, e na arte indígena do sul, central e do norte do nosso novo mundo.

O Brasil é um dos maiores produtores de arte Naif, tanto em quantidade quanto em qualidade, tendo reconhecimento internacional, mas infelizmente não sendo valorizado da mesma forma aqui no Brasil.

Dito isso, convivo com o mundo da arte Naif desde criança quando acompanhava minha tia e mãe, Elisa Silveira, em reuniões de artistas plásticos ricas em criatividade , lideradas por Ivan Serpa e seus companheiros de Movimento, Helio Oiticica, Djanira, Grauben, Heitor dos Prazeres, Aluísio Carvão, Ligia Papi, Ligia Clark.

O Museu de Arte Naif é representante de fundamental importância por ser um dos poucos espaços que esse tipo de expressão artística encontra para sua divulgação e valorização.

Por isso mesmo, consideramos inadmissível que ela seja tratada como arte de menor valor apenas por representar o mundo de uma forma pictoricamente ‘ingênua’, não levando em conta regras tradicionais da pintura clássica como perspectiva e perfeição de desenho. Pelo contrário, a arte Naif tem sua importância pela riqueza de cores e movimento, além da capacidade de representar o imaginário popular de maneira tão espontânea que mais parece a arte e o sonho de criança.

O Partido verde sempre esteve comprometido com o objetivo de estimular a diversidade cultural e todas as propostas que contribuam nesse sentido em nosso país.

Sendo assim, proponho firmar um compromisso da minha candidatura a Deputado Federal do PV com o seguimento dos artistas Naif, no sentido de ser um interlocutor permanente no Congresso Nacional, propondo leis que incentivem a divulgação e profissionalização desse segmento.

Como itens básicos para a política cultural em questão, inicialmente temos a necessidade de:

• criar espaços para exposição de trabalhos,

• estimular as empresas a investirem em Projetos envolvendo a arte Naif,

• fortalecer a estrutura do Ministério da Cultura em relação às políticas culturais específicas para os grupos de artistas Naif e

• apoio a projetos que integrem a arte Naif à resolução de problemas sociais

• a manutenção e criação de instituições que promovam a arte Naif junto ao público em geral.

Coloco-me à disposição para receber sugestões ou discutir temas de relevância não mencionados nesta carta.

Desde já agradeço o apoio,

José Augusto Silveira
Candidato à Deputado Federal e Presidente do PV da Cidade do Rio de Janeiro

Contatos

EMAIL: ja.silveira@terra.com.br
facebook.com/jasilveira.pv
Tel.: (21) 9619-9331

Rio +20: Até onde vai o jogo da globalização?

Por Admar Branco (Jornalista)

Em 1992, ao atravessar o Aterro por uma passarela em frente ao Hotel Glória, (que trocou já de mãos), onde eu viria a me casar e batizar meu filho, imaginei os vários sentidos que teria o termo globalização para os visitantes do megaevento que ali se realizava.

Aprendo que o mundo globalizado amplia contrastes e desigualdades. “De um lado, a aquisição de produtos sofisticados por uma pequena elite conectada aos fluxos internacionais de dinheiro e comércio, existente em todos os países; de outro, a expansão de um contingente significativo de pobres e excluídos do acesso aos bens básicos.”(Alexandre de Freitas Barbosa. O mundo Globalizado. Contexto, 2007. p. 104)

De fato, e isso não é só um problema brasileiro, onde há vergonhosa concentração de renda e privilégios, um estudo realizado na área turística de Nosa Dua, em Bali, (estudo de François Vellas e Hervé Barioule: À partir des indicateurs du tourisme durable – Paris – Le bourget, 2000) comprova a pouca sensibilidade social visível nas entrelinhas de um planejamento pouco responsável com a matéria humana. Em meio a observações restritivas sobre tratamento de detritos sólidos e negligência quanto ao controle no consumo da água, percebe-se que fica de fora da preocupação qualquer medida protetiva aos trabalhadores envolvidos (convenções de trabalho) ou às crianças (turismo sexual).


Como a Rio+20 vai conseguir equalizar interesses tão díspares e tão desequilibrados em termos de forças?

Umas das duas principais propostas da Rio+20, é implantar a economia verde. Segundo José Eustáquio Diniz Alves, em seu artigo no Portal Ecodebate(*):

”A economia verde está relacionada diretamente a mudanças climáticas: produção e consumo com baixo carbono, eficiência energética, energia renovável, cidades sustentáveis, etc. Ou seja, o documento articula o conceito de “economia verde” como um complemento do “desenvolvimento sustentável” em seus 3 pilares – econômico, social e ambiental. Evidentemente, os dois conceitos são entendidos dentro da lógica das relações sociais reguladas pela propriedade privada, que condiciona o modo de produção da vida material em praticamente todos os países que estarão presentes na Rio + 20.”

De um lado, os interesses dos grandes grupos econômicos, de outro, o dos povos. De um lado, os interesses dos países desenvolvidos, de outro, dos países emergentes (ou em desenvolvimento).

É necessário, tanto quanto a sustentabilidade com relação ao meio ambiente, a preservação de alguns valores humanistas para um combate verdadeiro à exclusão social e ao trabalho infantil. A esperança está na sociedade civil global. Que tenha ela força para valores morais distintos dos valores econômicos das organizações multilaterais como FMI, Banco Mundial e OMC, defende Barbosa:

“No âmbito cultural, esfera privilegiada da vida em sociedade, presencia-se, de um lado, a emergência de uma mídia global e a padronização do consumo e dos gostos, enquanto de outro se cria uma resistência local, voltada para a proteção dos valores mais íntimos das comunidades: é o poder da identidade que se rebela contra a imposição de padrões homogêneos de comportamento e expressão cultural.”

Aí é que está uma forma de expressão de desejos que pode pender para o lado de uma globalização anuladora de identidades nacionais. Pergunte-se a um adolescente admirador de games eletrônicos o que pensa da possibilidade de perdermos nossa autonomia como Estado nacional, e a resposta pode vir bem rápido, na forma de uma pergunta bem clara: “Me diz uma coisa, tio: o preço de games como o Call of Duty vai cair, sem o imposto de importação?”.

Antes de oferecer resposta, expliquemos algumas condições impostas dentro do Nafta (North American Free Trade Agreement), ou Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio, que reúne Canadá, Estados Unidos e México, nascido, segundo alguns estudiosos, como resposta à formação da Comunidade Europeia, além de ajudar a enfrentar a concorrência da economia japonesa.

É importante saber que, mesmo dentro dos blocos econômicos, há disputas comerciais. Leia-se a reportagem com atenção:

México amplia exigências em disputa no Nafta

O México quer que os EUA liberem, totalmente, o tráfego de caminhões mexicanos, dando um passo a mais em suas exigências para terminar uma disputa comercial que começou esta semana com o vizinho.
O governo do México começou, ontem, a taxar uma série de produtos americanos como forma de retaliação à decisão de Washington de barrar o acesso parcial de caminhões mexicanos às estradas dos EUA.
Agora, a vice-ministra da Economia do México, Beatriz Leycegui, disse que Washington “tem de abrir o setor de transportes completamente, como já são obrigados a fazer”, pelas regras do tratado de livre-comércio da América do Norte.

(Valor Online, de 20/03/2009.)

Aí está a questão pendente: como reduzir tarifas e ao mesmo tempo proteger seus mercados?

Cada país trava sua batalha, nas mesas de negociação, para tentar controlar a balança comercial. Queremos uma riqueza que fique em nosso território, com distribuição de renda, que se metabolize no corpo de cada cidadão, virando alegria. Se for para continuar no subdesenvolvimento, manda adiar a conferência para daqui a mais 20 anos. See you later, alligator, volte na Rio +40.

Admar Branco, jornalista, compositor e cordelista, trabalhou em várias organizações como o Jornal O Globo, Jornal do Brasil, MULTIRIO, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e é ativista no Movimento Rio de Paz e em movimento pela guarda compartilhada dos filhos.

www.admarbranco.com

(*) Avanços, lacunas e a quadratura do círculo do Zero Draft da Rio + 20 (Portal EcoDebate)